segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Ícone da Santíssima Trindade de Andrej Rublev

O ícone da Santíssima Trindade foi "escrito" pelo santo monge russo Andrej Rublev. Ele nasceu por volta de 1365 e morreu por volta de 1430.



Na disposição dos “anjos celestes”, vemos da esquerda pra direita o Pai, com a túnica dourada, lembrando-nos sua realeza. Sua mão direita se ergue num sinal de benção ao o Filho (o do meio) e ao Espírito (o da direita) que estão totalmente voltados para o Pai numa posição de prontidão e obediência à Sua Vontade. A túnica do filho em grande parte é de cor escarlate, fazendo referência à Sua humanidade: Aquele que mais se revelou. O altar nos recorda o mundo, o lugar do sacrifício. O filho toca o altar com dois dedos - duas dimensões, a humana e a divina. O Espírito que também se revela, porém menos que o filho, toca o altar com apenas um dedo, apenas na dimensão divina.

Desapego alegre das coisas da Terra



Somos da terra, e nossas “coisas da terra” estão bem misturadas: tristezas, alegria, sofrimento, felicidade, generosidade, fuga, amor, paz, guerra...

A física a astronomia nos ensinaram que a Terra está envolvida pelo céu, que o universo não gira em volta da Terra, mas que ela gira em volta do Sol.

O que é verdade na física é também verdade no campo do espírito. Nossa alma não é o centro do mundo, não é o princípio e o fim de tudo. Ela gira em relação a um centro de gravidade: seu Sol é a luz do olhar de Deus, o céu que a envolve é o amor do Pai.

A Terra teve dificuldade em aceitar o que dizia Galileu: ela não é o centro do mundo, mas depende de outro. Temos dificuldade em compreender que nós não somos o centro de nós mesmos. Nosso equilíbrio tem necessidade de outro.

Temos necessidade de nos desprender da atração terrestre. Para experimentar a alegria, não podemos fazer das coisas terrestres o princípio e o fim de nossa existência.

Existe algo a mais que nós mesmos, que nossos sentimentos, que nossas resistências, que nossas ambições, que nossas decepções, que nossas tristezas e nossas obrigações. Há mais do que tudo isto. Há tudo isto, certo, não se trata de nega-lo, mas há algo mais.

Desprender-se deste sentimento, que temos muitas vezes, desta certeza segundo a qual “as faltas, as dificuldades, as provações, os sofrimentos, as tentações, a saúde, as fraquezas” têm a última palavra.

O horror seria se as tristezas da terra fossem o único horizonte, o horizonte finito da terra. O desespero seria se vivêssemos somente no térreo, sem acreditar que existe um andar em cima. O andar da infinito Amor.

Acreditar em Deus é crer que podemos nos desapegar alegremente das coisas da terra.

O que a bíblia diz sobre Maria Madalena


Maria Madalena é uma das personagens bíblicas mais conhecidas. É a mulher mais citada no Segundo Testamento (doze vezes); mas o que a faz famosa é a crença de que ela teria sido uma prostituta que foi transformada pela palavra de Cristo: a famosa Madalena Arrependida, exemplo de arrependimento e transformação para os pecadores.

As fontes que temos sobre a vida de Maria Madalena são os Evangelhos canônicos (reconhecidos como inspirados por Deus) e os Evangelhos apócrifos [1]. Estes últimos não são confiáveis como fonte de informação verídica sobre Madalena, pois foram escritos bem depois da época em que ela viveu, além de ser produto das seitas heréticas gnósticas [2], as quais distorciam os ensinamentos de Jesus. O curioso é que em nenhum lugar da Bíblia (e até mesmo nos evangelhos apócrifos) se diz que Maria Madalena fosse prostituta ou a mulher apanhada em adultério do oitavo capítulo de João. No entanto como até no meio evangélico é corrente pensar em Maria como ex-prostituta, faz-se necessário sabermos o que realmente a Bíblia nos diz sobre essa discípula de Cristo.

Maria Madalena é assim chamada por ser de Magdala, aldeia de pescadores que ficava na costa oeste do mar da Galiléia, próxima a cidade de Tiberíades.O Segundo Testamento nos relata que Cristo expulsou dela sete demônios (Marcos 16.9; Lucas 8.2) e depois ela se tornou uma das mulheres que acompanharam e seguiram a Jesus (Lucas 8.2-3). Junto com outras mulheres, permaneceu aos pés da cruz (Marcos 15.40; Mateus 27.56; Lucas 23.49; João 19.25) e assistiu ao sepultamento do Mestre (Mateus 27.59-69; Marcos 15.46-47; Lucas 23.55,56). Deixando passar o sábado, que era dia de descanso, Maria vai, na madrugada de domingo, aplicar especiarias no corpo de Jesus, conforme o costume, e se torna a primeira testemunha da ressurreição de Cristo (Mateus 28.1-8; Marcos 15.1-19; Lucas 24.1-10; João 20.1-18).

sábado, 2 de janeiro de 2016

O nascimento de Jesus – Comentário do Papa Emérito Bento XVI


“Enquanto lá estavam (em Belém), completaram-se os dias do parto, e ela deu a luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala.” (Lucas2, 6-7)
Começamos o nosso comentário a partir das últimas palavras desta frase: por não haver lugar para eles na sala. Esta afirmação tem paralelismo de um profundo conteúdo em João 1,11: ”Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. ”Para o Salvador do mundo, aquele para quem todas as coisas foram criadas” (Colossenses 1,16), não há lugar. “As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8,20). “Aquele que foi crucificado fora da porta da cidade.” (Hebreus 13,12) também nasceu fora da porta da cidade.

Tudo isso nos deve fazer pensar, nos deve recordar a inversão de valores que se verifica na figura de Jesus Cristo, na sua mensagem. Desde seu nascimento, Jesus não pertence aquele ambiente que, aos olhos do mundo, é importante e poderoso; contudo é precisamente esse homem irrelevante e sem poder que se revela como o verdadeiramente Poderoso, como Aquele de quem, no final das contas, tudo depende. Por conseguinte, faz parte do tornar-se cristão este sair do âmbito daquilo que todos pensam e querem, sair dos critérios predominantes, para entrar na luz da verdade sobre o nosso ser, e com essa luz, alcançar o justo caminho

"Quem conhece e segue a Jesus desfruta da bondade de Deus"




Sempre que o cristianismo ignora a Jesus ou o esquece, corre o risco de se afastar do Deus Verdadeiro e de substituí-lo por imagens distorcidas que desfiguram o rosto e nos impedem de colaborar em seu projeto de construir um novo mundo mais livre, justo e fraterno. Por isso é tão urgente recuperar a humanidade de Jesus.
Não basta confessar a Jesus Cristo de forma teórica ou doutrinal. Todos nós precisamos conhecer Jesus desde uma aproximação mais concreta e vital dos evangelhos, sintonizar com o seu projeto, deixar-nos animar por seu espírito, entrar na sua relação com o Pai e segui-lo de perto dia a dia. Esta é a tarefa apaixonante de uma comunidade que vive hoje purificando sua fé. Quem conhece e segue a Jesus vai gostar cada vez mais da bondade insondável de Deus.
2° Domingo depois do Natal Jo 1,1-18– José Antônio Pagola