quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

A polêmica da identidade do Evangelista João



Alguns exegetas sustentam a tese de que o evangelista se coloca como testemunha ocular de todos os relatos e que ele era o mesmo discípulo que Jesus amava (Jo 21,20-24). Jesus tinha três amigos mais Íntimos: Pedro, Tiago e João. Tiago morreu no ano de 44 d.C., decapitado por ordem de Herodes Antipas (At 12,2), e Pedro aparece sempre em contraste com o discípulo amado. Logo dos três, sobra o filho de Zebedeu, irmão de Tiago, chamado João. Esta opinião é bastante polêmica, por que João, irmão de Tiago não poderia ser o discípulo que Jesus amava, pois o próprio evangelista ressalta que esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote (Jo 18, 16), e, com isso descartam-se as possibilidades do João Apóstolo ocupar o lugar do discípulo amado. João, o filho de Zebedeu, jamais poderia ter importância e autoridade de entrar na sala da inquisição e, ainda mais, fazer Pedro entrar na sala, sem temer ser identificado como discípulo de Jesus.

Quem é o Evangelista Lucas?



Encontramos o autor do terceiro evangelho nos escritos de Paulo: Colossenses 4,14; Segunda carta a Timóteo 4,11 e Filemon 24. Lucas seria então, médico, companheiro de Paulo em suas viagens e que esteve preso ao seu lado durante as perseguições. Mas isto não é ponto pacífico e muito se discute sobre esta autoria. Entretanto, pelo estilo e conteúdo do autor, se pode afirmar que ele é um cristão que acreditou muito no valor das comunidades, se entusiasmando pela pessoa e projeto de Jesus, mesmo não tendo conhecido Jesus pessoalmente. Através de seus escritos, pode-se perceber que trata-se de uma pessoa culta e sensível, possuindo grande conhecimento. Sua maneira de escrever é elegante e clássica.

Quem é o evangelista Mateus?



Cobrador de impostos na região de Cafarnaum, o filho de Alfeu, se autodenomina Mateus (Mt 9,9) enquanto Marcos (Mc 2,13-14) e Lucas (Lc 5, 27-28) o chamam de Levi. Mateus poderia ser uma forma abreviada de Mathêtês (discípulo). Segundo o Bispo grego Irineu (130 a 220) no final do primeiro século, Mateus seria um discípulo e não o apóstolo Levi. Este fundou uma comunidade, e esta absorveu perfeitamente a forma de ensinar . Outros testemunhos vem de Eusébio de Cesareia (falecido em 340)e de Pápias, Bispo de Hierópolis que afirmava ter convivido com um ancião que havia colecionado oráculos de Jesus em língua hebraica.

Quem é o Evangelista Marcos?




Em At 12,12: Em sua casa costumava se reunir a comunidade. Ali Pedro se refugia após sair da prisão. E em At 12,25;13,5: Acompanha Barnabé e Paulo na primeira viagem missionária junto às comunidades. At 13,13: Marcos regressa para Jerusalém, abandonando a viagem. Já em AT 15,37-39: Marcos torna-se motivo de desentendimento entre Paulo e Barnabé, dividindo a dupla. Paulo parte com Silas para a Síria e Barnabé com Marcos para Chipre. Col 4,10: Marcos é primo de Barnabé e recebe a acolhida de Paulo junto à comunidade de Colossos. 1 Pe 5,13: Marcos encontra-se em Roma com Pedro. 2 Tim 4,11: Paulo escreve para Timóteo trazer Marcos para Roma a fim de ajudá-lo em seu ministério. Aqui parece que a divergência havia terminado. E em Marcos 14,51: relato de um pormenor que aparece apenas no Evangelho de Marcos, o que leva a crer que provavelmente trata-se do próprio Marcos? Por estas indicações, percebemos que se trata de um cristão que tinha uma grande participação na vida das comunidades primitivas. Além de pertencer a uma família onde abrigava uma Igreja doméstica. Leia e conheça, quem é Marcos!

Um batismo de conversão





A pregação de João Batista anunciava um batismo de conversão para o perdão dos pecados. João Batista adulto aparece em Lucas no 15º ano do governo de Tibério, imperador de Roma. Tibério foi imperador de 14 a 37 depois de Cristo. No ano 63 antes de Cristo, o império romano tinha invadido a Palestina, impondo ao povo uma dura escravidão. As revoltas populares se sucediam, uma depois da outra, sobretudo na Galileia, mas foram duramente reprimidas. De 4 antes a 6 depois de Cristo, durante o governo de Arquelau, a violência estourou na Judeia. Este fato levou José e Maria a voltarem para Nazaré na Galileia e não para Belém na Judeia (Mt 2,22). No ano 6, Arquelau foi deposto e a Judeia foi transformada numa província romana com procurador diretamente nomeado pelo imperador de Roma. Pilatos foi um destes procuradores. Governou do ano de 26 a 36. Esta mudança no regime político trouxe certa calma, mas as revoltas esporádicas, como aquela de Barrabás (Mc 15,7) e a imediata repressão romana (Lc 13,1), lembravam a extrema gravidade da situação. Bastava alguém soprar na brasa e o incêndio da revolta explodia! A calma era apenas uma trégua, uma ocasião oferecida pela história, por Deus, para o povo fazer uma revisão do rumo da caminhada e, assim, evitar a destruição total. Pois Roma era cruel. Em caso de uma revolta, viria e acabaria com o Templo e a Nação. É nesse contexto que, em torno do ano 28 depois de Cristo, João Batista aparece anunciando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados.

O significado da manjedoura


“Maria colocou o menino recém-nascido numa manjedoura.” (Lucas 2,7) Santo Agostinho interpretou o significado da manjedoura com um pensamento que encerra uma verdade profunda. A manjedoura é o lugar onde os animais encontram o seu alimento. Agora, porém, dorme na manjedoura o verdadeiro pão descido do céu, o verdadeiro alimento de que o homem necessita para ser pessoa humana. É o alimento que dá ao homem a vida verdadeira: a vida eterna. Dessa forma, a manjedoura torna-se uma alusão à mesa de Deus, para a qual é convidado o homem a fim de receber o pão de Deus. Como se disse, a manjedoura faz pensar nos animais que encontram nela o seu alimento. E em Isaías 1,3: “O boi conhece o seu dono, e o jumento, a manjedoura do seu Senhor, mas Israel é incapaz de conhecer, o meu povo não pode entender.”

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

O 25 de dezembro


Sobre o dia do nascimento, a bíblia é 
clara: não diz nada. No início, o cristianismo não tinha uma data exata, comunidades diferentes celebravam em datas diferentes. O 25 de dezembro acabou adotado, no século 4, porque nesta data os romanos já comemoravam uma festa importante, a “Natalis Solis Invicti”, ou Nascimento do Sol Invencível. Era uma comemoração pelo solstício de inverno, o dia mais curto do ano. É que, depois do solstício, os dias vão ficando cada vez mais longos. O solstício de inverno era celebrado por várias culturas. O círculo de pedras de Stonehenge na Inglaterra, por exemplo, já era palco de festas assim a três mil anos antes de Cristo nascer. Assim dá para dizer que o monumento pré histórico inglês é, no fundo, uma enorme árvore de Natal.

Os três reis magos não eram reis


Nem eram três, está no Evangelho de Mateus 2, 1-12, e só nele.  Alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém e perguntam: Onde está o Rei dos Judeus que acaba de nascer? Herodes - que não era judeu mas Idumeu e foi colocado como Rei dos Judeus pelos Romanos -  consulta os estudiosos das escrituras sagradas (Mq 5,1) e informa aos magos que vai acontecer na cidade de Belém - aproximadamente 10 km de lá - seguem a estrela e encontram a Sagrada Família. Então oferecem presentes muito significativos para os futuros fugitivos de um tirano sanguinário. O incenso, que é usado até hoje, para levar a Deus nossas orações, suplicas e esperanças. O perfume de Mirra, que tem propriedades antissépticas, muito útil num bebê recém nascido e ouro, tão necessário para fuga para o Egito. Sábios esses magos do Oriente, Gaspar, Melquior e Baltazar são nomes que surgiram em textos do século 5. O mais provável e que esses personagens de Mateus sejam sacerdotes do zoroastrismo, uma religião persa ligada à astrologia – daí a Estrela de Belém  e o vindos do Oriente. Há algo de inusitado do ponto de vista da atual geopolítica, a Pérsia é o atual Irã, então nos nossos presépios estão três bondosos muçulmanos.

Os capítulos iniciais do Gênesis são misteriosos




Representados por aquele primeiro casal humano, num instante de fraqueza nós nos afastamos do Amor, esquecemos o Amor. Então o Amor se retrai, e põe uma espada de fogo na entrada do Paraíso – para lembrar a gravidade das nossas escolhas. O fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal – o que isso pode significar? Entre outras coisas, a multiplicidade, o mundo como nós vemos diariamente, onde o bem e o mal andam misturados de tal forma que uma confusa tristeza prejudica, ou impede a visão do bem. Comendo aquele fruto proibido, assumimos voluntariamente esse conhecimento fragmentado, e continuamos a fazer isso quando oscilamos entre coisas que nos aproximam de Deus e coisas que nos afastam dele. É preciso, com grande esforço, superar essa visão fragmentada, reencontrar o olhar original, a visão do paraíso, a que é capaz de enxergar o verdadeiro Ser, que não confunde a realidade com as aparências.