quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Santo Inácio de Loyola




Tomai, Senhor, e recebei toda minha liberdade, a minha memória também. O meu entendimento e toda a minha vontade, tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor. Todo os dons que me destes, com gratidão vos devolvo, disponde deles, Senhor, segundo a vossa vontade. Dai-me somente o vosso amor, vossa graça, isto me basta, nada mais quero pedir.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Consciência


Consciência não se trata do simples conhecimento adquirido mediante a reflexão, o qual pertence mas ao campo da psicologia, da sociologia, mas do juízo interior sobre determinada ação antes ou depois de realizada . A pessoa percebe, vê e julga sua opção, lhe indica como agir, qual a melhor opção entre as várias possíveis, qual o caminho a seguir. Nos permite ver a realidade, a assunção de critérios que provêm da fé e da razão para o seu discernimento e valorização com sentido crítico. Mas quando se fala da consciência, surge logo o medo de se cair em subjetivismo exagerado, fonte de todos os demais erros e enganos. A palavra syneidesis (consciência) aparece com muita freqüência nas cartas paulinas. Em Rm, 2,15 - “escritos em seus corações, a consciência deles também é testemunha.” Em 3,20 - “pois a função da lei é dar consciência do pecado.” 9,1 - “Me dá testemunho a minha consciência pelo Espírito Santo.” E em 13,5 - “mas também por dever de consciência.” Paulo nos mostra que pela fé e pela razão nos capacitamos a orientar nossa existência. A consciência é suscetível de melhoramento contínuo, pode progredir no conhecimento da verdade também poderão ser mais retos os juízos morais que se faça. Além disso este juízo moral que a razão realiza há de adequar-se a natureza dinâmica da práxis humana, o que faz que a consciência vá se formando nessa mesma forma progressiva.

“Feliz o homem que persevera na sabedoria, que se exercita na prática da justiça, e que, em seu coração, pensa no olhar de Deus que tudo vê; que repassa em seu coração os seus caminhos, que penetra no conhecimento de seus segredos, que caminha atrás dela seguindo-lhes as pegadas e que permanece em suas vias” Eclesiástico 14,22-23

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Deus, um Pai todo-amoroso !



A visão de Deus como pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida. A teologia de um Deus, controlador da história, não cabe mais. O Deus que eu creio, não controla, mas ama. Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo com esse pressupostp. A minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, tráfico, não tem nada haver com Deus. Nós cristãos temos que nos preocupar em sermos cidadões mais preocupados com a questão dos humanos direitos e do meio ambiente. Trata-se de viver, no agir pessoal, o modo de amar de Jesus e, quando se ama como Jesus, o Reino acontece.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Jesus era leigo



Jesus era leigo e como tal assumiu veementemente a sua missão diante do Pai e colocou-se como um servo de Deus no mundo. Jesus, como leigo, foi a lugares que a religião da época não conseguia atingir. Aos que eram excluídos chamou de próximos, aos que estavam perdidos, levou a luz e em seu caminho deixou o amor. Jesus, como leigo, despiu-se de antigas tradições que impediam o acesso de todos diante de Deus, mostrou-se discípulo do Pai e missionário do Reino. Ele não se fechou no Templo ou nas sinagogas, mas se dedicou a agir no mundo, para transformá-lo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Formação de cristãos católicos


A teologa Maria Clara Bingemer da PUC-RJ escreveu no seu livro "A argila e o Espírito":

Nós, cristãos leigos, que detemos algum raio de influência na construção e transformação do mundo e da sociedade, uma experiência eclesial nos fez acreditar que o protagonismo não era para nós. Passivos e consumidores dos bens eclesiológicos, só recentemente começou a chegar a nossos ouvidos essa verdade de que a santidade também é nossa vocação, de que a radicalidade da vivência cristã também é chamado dirigido a nós e não somente aos sacerdotes e religiosos. Passamos igualmente, há muito pouco tempo, a perceber que temos o direito de exigir dessa Igreja à qual amamos como mãe, uma formação tão acurada e cuidadosa quanto aquela que a hierarquia e as ordens religiosas proporcionam aos seus membros.

terça-feira, 8 de março de 2011

Um crítico, não cristão, perguntou: Jesus existiu ?


Meu amigo Luiz Monteiro me perguntou sobre documentação histórica da vida de Jesus. Tinha discutido com um crítico não cristão, que levantou dúvidas sobre a real existência de nosso Salvador. Segundo o jesuita Pe Álvaro Barreiro, o texto mais antigo é do historiador judeu Flávio Josefo (37 - 100), que escreveu duas grandes obras: A Guerra dos judeus e Antiguidades Judaicas. Neste último, o testemunho sobre Jesus é o seguinte: “Por este tempo apareceu Jesus, um homem sábio. Pois ele foi o autor de feitos surpreendentes, um mestre de pessoas que recebem a verdade com prazer. E ele ganhou seguidores tanto entre muitos judeus, como entre muitos de origem grega. E quando Pilatos, por causa de uma acusação feita pelos nossos homens mais proeminentes, condenou-o à cruz, aqueles que o haviam amado antes não deixaram de amá-lo. E até hoje a tribo dos cristãos, que deve este nome a ele, não desapareceu.” Há mais outros quatro testemunhos do século II escritos por autores não judeus: O primeiro desses é o historiador Tacíto (55-117). Nos Annales, escritos entre 115 e 117, ao comentar o incêndio de Roma, ocorrido em julho de 64, atribuído pelo Imperador Nero aos cristãos, por ele odiados. Tácito escreve:" Assim, para acabar com o rumor, Nero apresentou como culpáveis e submeteu às torturas mais refinadas aqueles que o povo chamava 'cristãos' ,odiados por crimes abomináveis. Seu nome deriva de Cristo, que tinha sido executado pelo procurador Pôncio Pilatos, no reinado de Tibério". O segundo testemunho é do historiador romano Suetônio (70-130), na obra A vida dos doze Césares, escrita por volta de 120. Ao falar das medidas repressivas decretadas no tempo de Nero, Suetônio diz:"Como osa judeus estavam constantemente causando distúrbios, instigados por um certo 'Chrestos', o Imperador Cláudio os expulsou de Roma'. O terceiro documento romano sobre Jesus Cristo é o de Plínio, o Jovem, que foi governador de Bitínia, nos anos 111 a 113. Numa carta ao Imperador Trajano, em que lhe pede instruções a respeito das medidas a serem tomadas contra cristãos, Plínio menciona o costume deles de se reunirem regularmente antes do amanhecer, num determinado dia, para entoar cânticos "a Cristo com o a um Deus". O quarto testemunho é de Luciano de Samosata (115-200). Falando dos cristãos, diz que, segundo as informações que corriam na época, "ainda adoram um homem que foi crucificado na Palestina".

quarta-feira, 2 de março de 2011

Papa Bento XVI incentiva uso dos meios digitais


"A cultura digital apresenta novos desafios à nossa capacidade de falar e escutar uma linguagem simbólica que fale de transcendência. Jesus mesmo no anúncio do Reino soube utilizar os elementos da cultura e do ambiente do seu tempo: as ovelhas, os campos, o banquete, as sementes e assim por diante. Hoje, somos chamados a descobrir, também na cultura digital, símbolos e metáforas significativas para as pessoas, que possam ajudar a falar do Reino de Deus ao homem contemporâneo", disse.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Escreveu Bento XVI em 2007

“Reino de Deus” : significa simplesmente um mundo no qual domina a paz, a justiça e o respeito pela criação. Não se trata de mais nada. Este “Reino” devia ser constituído como objetivo final da história. E esta seria a verdadeira tarefa das religiões: o trabalho conjunto para a vinda do “Reino”. Elas poderiam, entretanto, conservar as suas tradições, cada qual viver a sua identidade, mas deviam, com as suas respectivas diversidades, trabalhar juntas pelo “Reino”, isto é, por um mundo no qual são determinantes a paz, a justiça e o respeito pela criação.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Pensamentos do Pe José Comblin

No século XIX, em plena ascenção da modernidade e do iluminismo, um ilustre pregador francês, que refundou a Ordem Dominicana na França, o frei Lacordaire, considerado um dos homens mais progressistas na Igreja daquele tempo, inaugurou a famosa tradição dos sermões de quaresma em Notre Dame de Paris. A cada domingo da quaresma um pregador ilustre era encarregado de tratar de um tema da atualidade. O primeiro foi Lacordaire, também conhecido por seu grande talento de oratória.
Falando da Igreja em meio a um mundo em plena ebulição, Lacordaire afirma que ela “mole sua stat!”, ou seja, a Igreja sustenta-se pela sua inércia.
A Igreja está em pé graças à sua massa. Ela é como uma massa inerte, como uma pedra inerte que resiste a todas as pressões, a todas as vicissitudes da mundo. A sociedade estava em plena mudança, mas a Igreja permanecia imutável, firme na sua massa inerte. Essa era a convicão unânime protagonizada pela figura mais proeminente da Igreja daquele tempo, quando a França era o maior país católico da cristandade. De onde podia emergir esse pensamento ? Da filosofia grega integrada na teologia católica oficial, ou seja, a teologia da hierarquia.
A presença do Ser como eixo principal do pensamento católico somente podia agradar às classes dirigentes da sociedade, que sentiam o apoio da Igreja nas suas lutas contra quarquer tipo de revolução ou de mudança.
A concepção do Deus como ser supremo, o permanente, o imutável. A eternidade imutável de Deus gera uma religião conservadora. Esta teologia foi influenciada pelos filósofos gregos. Toda mudança será vista como desordem, como desobediência ao Criador, que criou as coisas para que sejam estáveis, cada um seguindo a sua natureza. O ideal humano por excelência é a ordem. De fato, durante toda história da cristandade, o conceito de ordem esteve no centro da teologia. A teologia dogmática mostra a ordem do universo, e a moral mostra como se deve agir para manter a ordem. O bom é o ordenado.
Até hoje a Igreja romana, especialmente na Europa, não conseguiu e não quis se libertar desse conservadorismo. Tornou-se guardiã da ordem. Constituiu-se em firme apoio aos partidos conservadores, tolerando somente alguns movimentos progressistas de católicos, mas com muitas reservas. Isso explica por que toda mudança é considerada perigosa, uma ameaça à identidade do cristianismo.
Trecho do livro “A vida – Em busca da liberdade”