sábado, 2 de janeiro de 2016

O nascimento de Jesus – Comentário do Papa Emérito Bento XVI


“Enquanto lá estavam (em Belém), completaram-se os dias do parto, e ela deu a luz o seu filho primogênito, envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na sala.” (Lucas2, 6-7)
Começamos o nosso comentário a partir das últimas palavras desta frase: por não haver lugar para eles na sala. Esta afirmação tem paralelismo de um profundo conteúdo em João 1,11: ”Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. ”Para o Salvador do mundo, aquele para quem todas as coisas foram criadas” (Colossenses 1,16), não há lugar. “As raposas têm tocas e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” (Mateus 8,20). “Aquele que foi crucificado fora da porta da cidade.” (Hebreus 13,12) também nasceu fora da porta da cidade.

Tudo isso nos deve fazer pensar, nos deve recordar a inversão de valores que se verifica na figura de Jesus Cristo, na sua mensagem. Desde seu nascimento, Jesus não pertence aquele ambiente que, aos olhos do mundo, é importante e poderoso; contudo é precisamente esse homem irrelevante e sem poder que se revela como o verdadeiramente Poderoso, como Aquele de quem, no final das contas, tudo depende. Por conseguinte, faz parte do tornar-se cristão este sair do âmbito daquilo que todos pensam e querem, sair dos critérios predominantes, para entrar na luz da verdade sobre o nosso ser, e com essa luz, alcançar o justo caminho

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